Os saberes tradicionais são meios de como a cultura é transmitida de geração para geração. É um percurso espaço-temporal vivenciado por diversas comunidades que se expressam em práticas culturais diversas. Nesta perspectiva, o projeto Eco dos Vinhedos, desenvolvido pelo município de Bento Gonçalves, finalizou suas atividades de salvaguarda e de promoção do desenvolvimento cultural e humano do Vale dos Vinhedos, de suas raízes trentinas/italianas.
Ao longo do ano foram oferecidas oficinas de Canto, de Dressa e de Histórias e Saberes. Neste domingo (11) ocorreu na comunidade das Neves/Ponto de Cultura Vale dos Vinhedos, a Oficina de Biscoitos Natalinos, apresentação de Dressa e o encontro de Corais e Cantorias.
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A oficina de cantoria resgatou cantos antigos, geralmente alegres e de linguajar relativamente vulgar, que mais alegram os participantes. Já a oficina de dressa trabalhou os pontos tradicionais e diversos outros já esquecidos na região, bem como, alguns nunca antes praticados, tendo sido pesquisado pelo oficineiro que organizou um material adequado para a execução da mesma. Assim, muitos pontos e técnicas esquecidas foram estudadas em vídeos da Itália, Estados Unidos, Rússia e Ucrânia de forma a constituir um rico acervo para a prática do artesanato em palha de trigo.
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A oficina de Histórias e Saberes abordou a história da imigração com visitação a igreja do vinho, espaço de antiguidades do Ponto de Cultura, estudo de fotos e documentos antigos, livros e periódicos do acervo local, bem como a história propagada nos documentários La Nostra Vera Lengoa Madre e Memórias do Vale dos Vinhedos.
Conforme o proponente, Sandro Giordani, o projeto objetivou “manter e propagar alguns dos saberes e fazeres do imigrante italiano, em especial a cantoria, a Dressa, nossas histórias e saberes. As oficinas contempladas com financiamento do Fundo Municipal de Cultura mantiveram por diversos meses as oficinas de cantoria e dressa que se destacaram das demais pelo grande envolvimento dos participantes e no caso da dressa pelo resgate inédito de diversos pontos já esquecidos ou em desuso em nossa região”.
Ainda, Giordani ressalta sobre a continuidade do processo de transmissão de saberes materiais e imateriais por meio do reconhecimento como patrimônio histórico.
“A dressa, jogo da mora, vime, cantoria, gastronomia típica entre outras ações são necessárias e devem ser protegidas, em especial pelo reconhecimento inédito ocorrido no dia 01/12/2022 com a edição da Lei Estadual 15.898 que ‘Reconhece como Patrimônio Histórico e Cultural do Rio Grande do Sul os saberes tradicionais, o acervo de receitas e as práticas alimentares, que constituem a história e a cultura gastronômica italiana do imigrante”.