Comemora-se nesta terça-feira, 25, em todo o Brasil, o Dia do Agricultor. A definição do 25 de julho como Dia do Agricultor deu-se em 1924, em meio às comemorações do centenário de vinda dos primeiros imigrantes ao Rio Grande do Sul. A data simboliza a chegada da primeira leva de imigrantes à cidade de São Leopoldo.
Milhões de agricultores e agricultoras familiares são responsáveis por sete de cada dez alimentos que abastecem a mesa do consumidor brasileiro.
O Brasil é reconhecido por extensas lavouras de soja e fazendas de gado bovino. Essa agricultura não corresponde à realidade brasileira: a maioria dos estabelecimentos rurais é formada por agricultores familiares.
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Segundo o último Censo Agropecuário do IBGE, a agricultura familiar do Brasil abrange 3.897.408 estabelecimentos rurais. São 77% dos estabelecimentos agrícolas do país, ocupando mais de 10 milhões de pessoas (67% do total recenseado), responsáveis por parcela expressiva da oferta dos alimentos básicos da mesa dos brasileiros.
Agricultores familiares respondem por 11% da produção de arroz, 42% do feijão preto, 70% da mandioca, 71% do pimentão e 45% do tomate. Na pecuária, produzem 64% do leite de vaca do país e concentram 31% do rebanho bovino nacional, 51% dos suínos e 46% das galinhas.
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A agricultura familiar brasileira é heterogênea: de agricultores mais capitalizados até um imenso contingente de pequenos produtores com rendas agrícolas insuficientes.
Uma parcela vive em situação de vulnerabilidade e enfrenta múltiplas carências de ativos produtivos.
Historicamente, a agricultura familiar foi desprezada no Brasil, embora responsável pela produção e abastecimento dos mercados locais e regionais. O reconhecimento de seu papel para segurança alimentar e a geração de divisas econômicas é recente, a partir de meados dos anos 1990, quando o Estado passou a ter políticas de apoio e fortalecimento do setor. Ações empreendidas até 2015 fortaleceram os agricultores e estes contribuíram para o Brasil sair do Mapa da Fome (2013/2014) e atingir as Metas do Milênio da ONU.
Entretanto, desde 2016, nota-se um “desmantelamento” das políticas públicas de apoio à agricultura familiar e de desenvolvimento rural: extinção de órgãos administrativos, cortes orçamentários, descontinuidade das ações, e outros retrocessos.
A situação se agravou em 2020 com a crise da COVID-19. Segundo o professor Mauro DelGrossi, da UNB, 51% dos agricultores familiares tiveram quedas nas suas rendas, afetando indicadores de segurança alimentar e reduzindo seu papel na oferta interna de produtos.
Caso a agricultura familiar tivesse apoio, a carestia dos alimentos seria atenuada. Juntamente com políticas de sustentação da renda, as compras públicas de alimentos da agricultura familiar para cestas básicas e restaurantes populares poderiam atenuar a fome dos brasileiros.
Fonte: Agribrasilis