No domingo (22) é comemorado o Dia do Apicultor. A data faz referência a Santa Rita de Cássia, conhecida como a padroeira dos apicultores. A apicultura é uma atividade viável às pequenas propriedades rurais, contribui significativamente para a polinização de culturas agrícolas como frutas, verduras e grãos, possibilita a diversificação de renda das famílias, além de auxiliar na preservação do meio ambiente.
Embora considerada uma atividade complementar na maioria das propriedades rurais, a apicultura exige capacitação técnica dos produtores, visando tornar a atividade mais eficiente.
O extensionista rural e assistente técnico regional da Emater/RS-Ascar, Vivairo Zago, destaca que nas propriedades rurais assistidas pela Instituição na região administrativa de Soledade a apicultura é realizada, em sua maioria, em propriedades familiares, sendo a apicultura complementar a outras atividades como a bovinocultura de leite e produção de fumo, por exemplo.
O extensionista frisa que a capacitação técnica dos produtores é fundamental para obter melhores resultados.
Em algumas regiões ou municípios onde as culturas anuais predominam e ainda há utilização de agroquímicos de forma desordenada a apicultura é um grande desafio, pois alguns princípios ativos de inseticidas utilizados no manejo de pragas afetam os enxames, muitas vezes causando a morte. “Por outro lado percebe-se um avanço nessa questão, com redução de casos, mas sempre ocorre”, comenta.
![Dia do Apicultor: profissionalização é fundamental para a atividade](http://celsosgorlla.com.br/wp-content/uploads/2022/05/Apicultura.jpg)
Zago observa que um aspecto importante quanto a comercialização é o fato do mel ser pouco consumido pelos brasileiros, sendo a média de 60 gramas por habitante. “Precisamos trabalhar estratégias para elevar o consumo interno de mel, considerando que o mel é um alimento e não somente remédio, como entendido por boa parte da sociedade”. Uma alternativa citada pelo extensionista é a inserção do produto no Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).
Estiagem afetou a produção gaúcha
A estiagem que provocou quebra de safra em diversos tipos de culturas, também prejudicou a produção de mel no Rio Grande do Sul em comparação com o ano passado. Inicialmente se trabalhou com a expectativa de uma safra semelhante a de 2021, mas está se observando que houve redução, em alguns casos chegando à 50%. “De formal geral, toda vez que se tem falta de chuvas, a tendência é que o volume e a qualidade do mel produzido aumentem. Porém, temos um estado muito grande, de regiões que foram muito prejudicadas pela estiagem e por isso alguns enxames perderam produtividade”, avalia o extensionista rural da Emater/RS João Alfredo Sampaio.
Segundo Sampaio, o que está se observando é que a estiagem chegou ao ponto de prejudicar a produção de néctar e desta forma houve redução na produção de mel. A expectativa que se tinha no dia 11 de abril não se confirmou. A Federação de Apicultura do Rio Grande do Sul (Fargs), em contato com as associações de apicultores, realizou um levantamento nas duas primeiras semanas de maio e está trabalhando com uma redução de até 50% de produção em relação ao ano passado. Os dados de produção de mel para 2021 ainda estão sendo computados pelo IBGE. Em 2020, o Rio Grande do Sul produziu 7.467 toneladas métricas de mel.
Sampaio cita como principais entraves da apicultura no Rio Grande do Sul a necessidade de uniformizar a tecnologia de produção, em um cenário composto por 60% de pequenos produtores; fortalecer associações; elaborar legislação específica para o setor; verificar o uso de agrotóxicos; e reverter o quadro de eliminação das plantas nativas.