A manhã ensolarada e de temperatura agradável desta quarta-feira (16) serviu como ocasião de gala para a Casa de Passagem São Francisco de Assis, no Bairro Cinquentenário, celebrar uma década de atendimento humanizado para a população em situação de rua de Caxias do Sul.
O espaço é um dos três serviços de acolhimento para usuários que aderem ao Sistema Único de Assistência Social (SUAS), mantidos pelo Município, por meio da Fundação de Assistência Social (FAS). Os outros dois são a Casa Carlos Miguel e o Projeto Santa Dulce – todos em parceria com a Associação Mão Amiga.
Desde 2013, a residência acolhe e abriga temporariamente a população em situação de rua e migrantes. O atendimento em alta complexidade teve início com capacidade para 30 pessoas, com seis vagas femininas e 24 masculinas. Atualmente, há disponibilidade para oito ocupantes mulheres e 32 homens, num total de 40 vagas. Mensalmente, por meio da FAS, o Município investe mais de R$ 100 mil só neste serviço. Ao longo de todo o ano, o valor ultrapassa a marca de R$ 1,3 milhão.
“É natural que as pessoas procurem cidades de maior porte, porque identificam que é onde pode haver mais oportunidades de trabalho e de fazer a vida. Da mesma forma, se elas vêm para cá, também é porque sabem que Caxias do Sul tem uma estrutura qualificada e especializada para dar acolhimento a quem precisa. E é importante frisar que a ideia é que seja um acolhimento temporário, enquanto a pessoa está buscando se restabelecer”, comenta a vice-prefeita Paula Ioris.
Depois de passar pelo atendimento no Centro Pop Rua, em que um profissional do serviço social e psicologia realiza um estudo sobre a realidade individual de cada usuário em situação de rua, ele é encaminhado para a Casa de Passagem. Após o direcionamento, a Casa auxilia com alimentação, higiene, saúde, documentação, contato com os familiares e na busca de um novo trabalho. O tempo previsto para cada atendimento é de noventa dias, com possibilidade de aumentar ou diminuir conforme avaliação da equipe técnica.
“A coordenação, equipe técnica e educadores realizam o trabalho, por meio da regulação das vagas do Centro Pop Rua, sempre buscando resgatar a dignidade e busca de direitos dos usuários que têm o desejo e querem trilhar a caminhada para superar a situação de rua”, destacou a presidente da FAS, Geórgia Ramos Tomasi.
A equipe trabalha a autoestima, a dignidade e a individualidade com cada usuário desde a chegada no local, com a entrega de kits de higiene, acesso a banho, cama e um armário com chave para seus pertences. O pátio interno guarda até uma horta coletiva de farta produção, que garante cerca de 80% dos vegetais consumidos na residência.
“Conhecemos e lembramos de cada um que passa por aqui. E vamos dar continuidade ao acolhimento humanizado, para que as pessoas possam sentir-se em casa”, assinalou – emocionado – o coordenador da Casa São Francisco, Gilson Menegol.
Atualmente, Caxias do Sul conta com 154 vagas de acolhimento provisório, disponibilizadas por meio de parceria do Município com as chamadas Organizações da Sociedade Civil (OSCs). Muitas vagas costumam permanecer ociosas durante boa parte do tempo, pois é direito assegurado a qualquer pessoa aceitar ou não a oferta de acolhimento social.
“Caxias do Sul é uma cidade que se caracteriza por ajudar e pode ajudar ainda mais. Sempre há oportunidade”, frisou o presidente da Associação Mão Amiga, frei Jaime Bettega.