É como se fosse um voo fretado para um futuro diferente do previsível. Só que em vez de precisar pagar pela passagem, quem embarca ainda recebe uma ajuda de custo para seguir até o novo destino. São apenas 40 lugares que podem valer uma vida com horizonte menos turbulento: uma turma inteira do curso de Auxiliar de Operações de Logística do SENAI Nilo Peçanha será formada por jovens encaminhados pela Fundação de Assistência Social (FAS) de Caxias do Sul.
Em paralelo, todos os participantes – oriundos dos serviços da Política de Assistência Social da proteção básica e de média e alta complexidade do Município – estarão integrados à Marcopolo na categoria de Jovens Aprendizes. O que significa dizer que serão remunerados e estarão no radar de vagas da empresa. O circuito de iniciação industrial se completa com o apoio do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (SIMECS).
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A iniciativa teve origem em uma articulação da FAS com as demais organizações envolvidas, a partir da ideia de abrir uma nova turma de curso profissionalizante exclusivamente para meninos e meninas atendidos por esta política pública em algum de seus serviços. Portanto, em situação de vulnerabilidade e risco social. O movimento é orientado por diretrizes estabelecidas no plano de governo do Executivo.
“Todos aqui merecem e precisam ser cuidados. Vocês sairão daqui com um diploma do SENAI. É uma coisa muito valiosa. Não é um favor. Estamos dando o que é de direito de vocês. Mas precisamos que retribuam. Precisamos que vocês aproveitem esta oportunidade”, aconselhou à turma a presidente da FAS, Katiane Boschetti da Silveira.
O primeiro desafio ao grupo com idade média de 17 anos que chegava para a atividade no turno contrário ao da escola – cuja assiduidade é obrigatória para usufruir do benefício – já foi imposto pela natureza: superar a tradicional fadiga pós-almoço reforçada pela chuva do início da tarde da segunda-feira passada (6). Das 13h30 às 17h30 se cumpriram as primeiras – de uma carga total de 800 – horas-aula que se estendem até dezembro. Mas ninguém falou que seria fácil. Aliás, bem pelo contrário.
“Não desanimem. O dia a dia tem suas dificuldades, tem seus percalços, que existem para todos nós. É trabalhoso, sim. Mas é uma grande oportunidade. Sonhamos muito com este dia. Que esses 40 que estão aqui hoje terminem o curso e consigam o seu diploma”, conclamou a diretora de Proteção Social Básica da FAS, Jovane Fochesatto.
Com a intenção de que todos mantenham frequência e concluam o curso, já está preparada uma força-tarefa do poder público. Por já terem vínculo e conhecerem as famílias, as equipes dos serviços responsáveis pelos encaminhamentos continuarão acompanhando os jovens.
“Será um trabalho de muitas mãos e corações”, antecipa Katiane.